Aproxima-se a ceia de Natal, os convívios em família e começam também as preocupações dos pais de bebés pequeninos. Foi a pensar nisto, que a Mariana Batista, nutricionista materno-infantil, decidiu partilhar as suas dicas connosco.

Os bebés podem e devem participar nas refeições do Natal mas, dependendo da idade do bebé, das suas rotinas, dos alimentos que já provou ou de eventuais diagnósticos de alergia ou intolerâncias, podem ser necessários cuidados redobrados.

As receitas de Natal não precisam de ser todas transformadas para que o bebé possa comer, mas sim aquelas que vos fizer sentido e as que coincidirem com o momento habitual das refeições do bebé. Ou seja, se o bebé ainda não janta, não precisamos de pensar em fazer um prato alternativo ao tradicional bacalhau ou ao perú de Natal, ou pedir para fazerem o cabrito sem vinho! Até porquê, o mais provável é ele não estar acordado à hora de jantar.

Dica da Carolina: Na véspera, duplique a quantidade da refeição do bebé, coloque metade num frasco de vidro com tampa e conserve no frigorífico até à hora de servir. A ceia de Natal já pode envolver muitos estímulos para um bebé pequeno, por isso se pudermos manter alguma previsibilidade, melhor!

Se o bebé tem entre 6 e 12 meses também não é necessário preparar sobremesas sem açúcar de propósito para o bebé porque, muito provavelmente, ele não vai ter interesse em provar ou vai até estar a dormir na hora da ceia de Natal. Talvez no ano seguinte tudo isso faça mais sentido. Ainda assim podemos ponderar incluir ingredientes natalícios nas refeições habituais do bebé como por exemplo uma aletria na hora do lanche.

Para bebés entre os 12 e os 24 meses, já podemos pensar em oferecer o menú de Natal sem grandes adaptações, tendo sempre atenção:

1. Receitas cozinhadas com vinho, porque o vinho pode não evaporar

2. O teor de sal: o bacalhau mesmo demolhado pode ainda assim estar muito salgado; receitas que levem enchidos, que sejam feitas com caldos tipo knorr ou que levem muito sal podem ser muito salgadas para o bebé.

3. A forma como apresentamos os alimentos para reduzir ao máximo o risco de engasgamento.

Alimentos de Natal que representam risco elevado de engasgamento

Muitos alimentos que estão presentes nas mesas de Natal portuguesas podem representar risco elevado de engasgamento para bebés e crianças pequenas. Alimentos redondos, firmes, escorregadios e/ou que formem uma massa na boca, representam risco elevado e precisam ter o seu formato ou textura modificados antes de serem oferecidos a bebés e crianças até aos 5 anos. São eles:

Polvo, que pela sua textura mais elástica pode ser difícil de mastigar. Além disso, se cortado em rodelas, tem um formato redondo, aumentando ainda mais o risco. Para tornar o polvo seguro, deve oferece-lo picado ou, se o bebé já fizer o movimento de pinça fina, cortado no meio ao longo do tentáculo, e depois em pedaços finos pequenos para o bebé agarrar com a ponta dos dedos. O mesmo para o camarão. 

Frutos secos: são firmes e redondos por isso representam risco acrescido até aos 5 anos. Não oferecer durante a ceia ou almoço de Natal, e certificar-se sempre que não há amendoins ou frutos secos à mão das crianças pequenas.

Enchidos, carne ou queijos duros e que sejam cortados em cubos.

Uvas inteiras ou cortadas na horizontal.

Espinhas e ossos: verificar sempre que não há nem espinhas de peixes, nem ossos ou cartilagens de carne no prato de bebés e crianças pequenas.

Muita atenção a estes alimentos estarem à mão de bebés e crianças pequenas. Se vai passar o Natal a casa de outra pessoa, faça uma inspeção à sala antes de deixar a criança com terceiros. Muitos acidentes acontecem quando se está em família, porque não há ninguém realmente a olhar pelo bebé ou criança.

Outros riscos à mesa

1) Alergénicos alimentares

Muitos pais ficam preocupados com as sobremesas por causa do açúcar, às vezes em quantidades muito elevadas para um bebé e crianças pequenas. Mas há outros perigos escondidos nas receitas de Natal: muitas incluem uma boa parte de alimentos potencialmente alergénicos, desde o bacalhau (peixe), aos ovos, leite e frutos secos presentes em inúmeras sobremesas. Alimentos que o bebé nunca provou, não devem ser oferecidos pela primeira vez numa época festiva, como a noite de Natal! 

2) Queijos de pasta mole, com bolor ou feitos com leite não pasteurizado. Representam risco elevado de intoxicações de origem alimentar, toxoplasmose, e até listeria.

3) Receitas com ovos crus, enchidos crus e carnes, peixes e marisco cru ou mal cozinhado

É ainda importante dizer que alimentos crús ou mal cozinhados devem ser evitados por crianças até aos 5 anos e aqui incluímos o marisco, presunto e outros enchidos, e sobremesas com ovos crus como alguns tipos de pão-de-ló, mousses ou baba de camelo.

4) Bivalves (crus ou cozinhados): representam risco muito elevado de intoxicações alimentares, mesmo que estejam cozinhados.

5) Cozinhar com bebidas alcoólicas

Sobre pratos ou sobremesas cozinhados com álcool, nenhum será adequado para bebés e crianças de qualquer idade.

Para além do açúcar nas receitas

Muitos pais ficam preocupados com as sobremesas por causa do açúcar, às vezes em quantidades muito elevadas para um bebé e crianças pequenas. Mas há outros perigos escondidos nas receitas de Natal: muitas incluem uma boa parte de alimentos potencialmente alergénicos, desde o bacalhau (peixe), aos ovos, leite e frutos secos presentes em inúmeras sobremesas. Alimentos que o bebé nunca provou, não devem ser oferecidos pela primeira vez numa época festiva, como a noite de Natal!

É ainda importante dizer que alimentos crús ou mal cozinhados devem ser evitados por crianças até aos 5 anos e aqui incluímos o marisco, presunto e outros enchidos, e sobremesas com ovos crus como alguns tipos de pão-de-ló, mousses ou baba de camelo.

Sobre pratos ou sobremesas cozinhados com álcool, nenhum será adequado para bebés e crianças de qualquer idade.

Saber colocar limites

Mas o Natal vai muito além dos pratos que estão na mesa e a alegria de ter um bebé na família  pode transformar-se muitas vezes em euforia, ultrapassando-se alguns limites que muitas vezes os pais não têm coragem de impor.

É Natal mas o bebé não pode ser retirado do colo dos pais, é Natal mas o bebé não deve ser beijado na cara nem nas mãos, é Natal mas o bebé não tem que estar no colo de familiares que mal conhece se não estiver confortável, é Natal mas o bebé não pode provar alimentos sem autorização dos pais, é Natal mas o bebé não tem que comer tudo o que está no prato, é Natal mas o bebé não tem que vir para a mesa se estiver a dormir, é Natal mas o bebé não pode ser acordado só porque se vai abrir os presentes…

Para muitos bebés o primeiro Natal é também o primeiro convívio com muitos familiares ao mesmo tempo o que pode ser um bocadinho intimidante e fazer com queiram ainda mais estar no colo de quem estão habituados.

Nunca é demais lembrar que muitas vezes as casas dos familiares não são a nossa casa, e pode haver muitos outros perigos à espreita além dos alimentos que vão para a mesa. A azáfama das cozinhas com panelas quentes, as lareiras, as escadas, decorações (de Natal e não só) que o bebé possa colocar na boca, outras crianças mais velhas que podem oferecer algo de forma não intencional ao bebé, animais de estimação, varandas e janelas…

É essencial respeitar limites, do próprio bebé e também dos pais e garantir a segurança para que as festas aconteçam de forma tranquila, harmoniosa e sem colocar o bebé em risco.

Votos de um FELIZ NATAL!