Carrinho de compras
o seu carrinho está vazio
Continuar a comprar
por
Carolina
O peixe é uma excelente fonte de proteínas, ácidos gordos essenciais e minerais, mas também requer alguns cuidados, especialmente devido à potencial presença de substâncias tóxicas, nomeadamente o metilmercúrio. O metilmercúrio resulta da transformação do mercúrio, metal pesado presente no meio ambiente, por bactérias presentes na água e, que por esse meio chega ao organismo dos peixes que depois vão ser consumidos por nós. Isto não significa que não devemos consumir peixe, mas sim que devemos ter em atenção o tipo de peixe que vamos escolher para oferecer aos nossos bebés e crianças.
A introdução do peixe na alimentação dos bebés pode ser muito benéfica, especialmente se estes forem escolhidos com cuidado. De um modo geral, o peixe é um alimento rico em proteínas de alto valor biológico e ácidos gordos essenciais ómega-3 (EPA e DHA). Ao mesmo tempo, podemos encontrar peixes ricos em vitaminas lipossolúveis A e D e minerais como o potássio, fósforo, iodo e selénio.
A riqueza nutricional do pescado varia de acordo com a época do ano, assim é necessário respeitar e cumprir a sazonalidade de cada uma das espécies de peixe, para tirar o maior partido do alimento, e ao mesmo tempo realizar escolhas mais sustentáveis.
O consumo regular e equilibrado de peixe desde cedo pode resultar na:
Melhoria das funções cognitivas;
Redução do risco de doenças cardiovasculares;
Contribuição para o normal neuro desenvolvimento e crescimento;
Redução da pressão arterial;
Melhoria da sensibilidade à insulina;
Redução do risco de desenvolvimento de diabetes tipo II;
Prevenção de patologias neurodegenerativas;
Contribuição para a formação óssea;
Proteção contra processos inflamatórios;
Proteção antioxidante contra radicais livres;
O peixe é um dos alérgenos alimentares comuns na infância e deve por isso ser introduzido com alguma precaução, especialmente se houver histórico familiar de alergias alimentares. É recomendável que a primeira oferta de peixe seja feita em pequena quantidade (10-15g), em casa, num ambiente controlado, para que se possa observar qualquer reação adversa, como erupções cutâneas, vómitos ou dificuldades respiratórias.
Em caso de algum destes sintomas, deve ser consultado imediatamente um profissional de saúde. É importante lembrar que cada peixe representa um novo alergénico, podendo o bebé fazer alergia a alguns tipos de peixe e a outros não, por isso a introdução de um novo peixe deve ser feita com os cuidados acima referidos.
Quando se fala de peixe fresco existem alguns aspetos que devem ser tidos em consideração, nomeadamente o aspeto geral do peixe (as guelras devem ser vermelhas e brilhantes, os olhos salientes, as vísceras deverão estar dentro da cavidade abdominal e firmes, a pele e escamas devem ter pigmentação brilhante e lisa), o odor (deve ser suave a maresia) e a consistência (firme e elástica, com a carne muito presa às espinhas), bem como a sua origem.
Relativamente ao peixe congelado ou em conserva, deve ter-se atenção ao prazo de validade e a sua origem. No peixe congelado, devem ser rejeitadas as embalagens que apresentem gelo no interior, uma vez que significa que o produto sofreu descongelação ou a rede de frio não foi contínua em toda a cadeia de produção, transporte e armazenamento. No peixe em conserva, as latas com aspeto amolgado, furado, abauladas, com ferrugem ou com qualquer outra alteração do formato habitual devem ser rejeitadas.
Nem todos os peixes são adequados para bebés. A escolha dos peixes deve considerar o teor de mercúrio e outros contaminantes, uma vez que o organismo de um bebé é mais suscetível aos efeitos adversos dessas substâncias. Peixes de grande porte tendem a acumular quantidades mais elevadas de metais pesados devido ao seu ciclo de vida longo e posição elevada na cadeia alimentar, sendo por isso preferível optar por peixes de porte pequeno ou médio. Deve também optar-se por peixe de origem nacional, preferencialmente, porque peixes de águas quentes tendem a acusar maiores níveis destes contaminantes.
Espécies com baixo e médio teor de mercúrio: Abrótea, Atum em conserva*, Bacalhau, Cantarilho, Carapau, Cavala, Chicharro, Corvina, Dourada, Faneca, Garoupa, Linguado, Perca, Pescada, Pregado, Raia, Robalo, Rodovalho, Salmão, Sardinha, Solha, Tamboril.
Espécies com elevado teor de mercúrio, e por isso a evitar na alimentação de bebés e crianças até aos 10 anos, bem como na alimentação de grávidas e mulheres a amamentar: Atum fresco, Cação, Cherne, Espadarte, Lúcio, Maruca, Pata-roxa, Peixe espada, Tintureira, Tubarão.
*O atum em conserva apresenta alguns riscos associados, além de poder ter um elevado teor de sal, o material utilizado no revestimento das latas pode conter BPA. A utilização de uma mistura de espécies de atum de grande porte com espécies de pequeno porte, também pode ser um problema já que corremos o risco de estar a oferecer ao bebé um alimento com níveis de mercúrio maiores do que imaginamos. Assim, consideramos que existem melhores opções de peixes para oferecer aos bebés. Vamos dedicar um artigo só ao atum para poder explorar mais este tema e explicar de que forma pode fazer escolhas mais seguras.
Em função do seu teor de gordura, os peixes podem ser classificados como peixes magros ou peixes gordos. Os peixes gordos, como o salmão e o arenque, apesar de terem baixos níveis de mercúrio, têm outros contaminantes como dioxinas, por isso a sua oferta deve ser limitada. O mar Báltico é considerado uma região gravemente contaminada com dioxinas, e por isso deve evitar-se comer peixes com essa origem, como o salmão ou arenque. A Direção Geral da Saúde refere que 1 a 2 refeições de peixe gordo por semana são suficientes para assegurar as necessidades de ácidos gordos essenciais ómega-3 (EPA e DHA), no entanto o mais importante é variar as espécies de peixe. Relativamente ao salmão, deve dar-se sempre preferência ao salmão selvagem proveniente de águas do Alaska e do Pacífico.
A introdução do peixe pode começar a partir dos 6 meses de idade. No caso do bebé ter histórico familiar de alergia ao peixe, deve entrar em contacto com um profissional de saúde para que a introdução seja feita de forma mais segura e informada. Comece com pequenas porções (10-15g) de peixe desfiado e envolvido num puré de legumes ou leguminosas, e observe o bebé, para o caso de existir alguma reação adversa, conseguir agir de imediato. Opte por começar por peixes magros como o linguado, a solha, a dourada ou a pescada e progressivamente vá acrescentando outras espécies. Peixes com menor tolerância e digestibilidade pelo seu teor de gordura, como a sardinha ou a cavala, podem ser introduzidos mais próximo dos 10 meses.
A preparação do peixe para o bebé deve ser simples e segura. Opte por cozinhar bem o peixe, ao vapor, grelhado ou cozido, sem adição de sal ou outros temperos fortes, podem ser usados limão ou ervas aromáticas como salsa ou coentros, para trazer novos sabores. É fundamental verificar cuidadosamente, desfiando o peixe com a polpa dos dedos, para perceber se o peixe está livre de peles, espinhas, cartilagens ou escamas, pois estas representam risco de engasgamento. A textura deve ser suave e fácil de mastigar, adaptada à faixa etária do bebé.
A introdução de peixe na alimentação do bebé pode trazer muitos benefícios nutricionais, mas é essencial escolher peixes com baixo teor de mercúrio e prepará-los de forma segura. Opte por peixes brancos (magros) mais fáceis de digerir, evitando peixes de grande porte que podem conter níveis mais altos de metais pesados. Introduza o peixe gradualmente, observe o bebé e consulte sempre um profissional de saúde em caso de dúvida.
______________________________________________________
Referências:
Ministério da Saúde, Direção-Geral da Saúde. Alimentação Saudável dos 0 aos 6 anos – Linhas De Orientação Para Profissionais E Educadores. 2019.
Ministério da Saúde, Direção-Geral da Saúde. (2017). Normas e orientações para a alimentação saudável de crianças e adolescentes.
Associação Portuguesa de Nutrição. Alimentar o futuro: uma reflexão sobre sustentabilidade alimentar. E-book n.° 43. Porto: Associação Portuguesa de Nutrição; 2017.
Associação Portuguesa de Nutrição. Alimentação nos primeiros 1000 dias de vida: um presente para o futuro. E-book nº 53. Porto: Associação Portuguesa de Nutrição; 2019.
Associação Portuguesa de Nutrição. Pescar Saúde. E-book n.º 63. Porto: Associação Portuguesa de Nutrição; 2022
Sascha C.T. Nicklisch, Lindsay T. Bonito, Stuart Sandin, Amro Hamdoun, Mercury levels of yellowfin tuna (Thunnus albacares) are associated with capture location, Environmental Pollution, Volume 229, 2017.
Carvalho C, Correia D, Severo M, Afonso C, Bandarra NM, Gonçalves S, Lourenço HM, Dias MG, Oliveira L, Nabais P, Carmona P, Monteiro S, Borges M, Lopes C, Torres D. Quantitative risk-benefit assessment of Portuguese fish and other seafood species consumption scenarios. Br J Nutr. 2022 Nov 28;128(10):1997-2010. doi: 10.1017/S0007114521004773. Epub 2021 Dec 7. PMID: 34872627.
Direção-Geral da Saúde. Recomendações para o consumo de pescado [cartaz]. 2023. Disponível em: https://nutrimento.pt/wp-content/uploads/2023/05/Consumo-Pescado.pdf.
Sousa AR. Alimentação para gente de palmo e meio. 1ª ed. Lisboa: Ideias de Ler; 2024.
Também vais gostar
Comida de bebé
Morada
Ruas da maternidade,
hospital da oliveira,
Lisboa 4900-120