Não sendo necessárias, as papas infantis podem ter o seu papel na introdução alimentar de um bebé. Por isso, no nosso primeiro guia de supermercado analisamos as papas infantis e damos-lhe as melhores opções de compra que existem atualmente nos supermercados.

As papas infantis são necessárias na alimentação do bebé?

As papas para bebés, popularmente conhecidas como papas infantis, são uma mistura de cereais que são processados para serem preparados de forma instantânea (i.e. sem necessidade de cozimento). São opção popular entre os pais e nos berçários e creches, uma vez que são fáceis de preparar e, acima de tudo, são fortificadas, proporcionando aos bebés os nutrientes de que precisam para crescerem saudáveis. 

Existe a ideia enraizada de que as papas infantis são obrigatórias na alimentação do bebé, no entanto, não são obrigatórias. Mas podem fazer parte de uma alimentação variada, uma vez que como todos os alimentos, têm vantagens e desvantagens. 

Vantagens das papas infantis:

Praticidade: O facto de ser apenas necessário juntar o leite habitual do bebé ou água faz com que sejam muito rápidas de preparar.

Enriquecidas: algumas marcas de papas de compra são formuladas para garantir que os bebés recebam os nutrientes de que precisam, incluindo vitaminas e minerais essenciais, como ferro e cálcio.

Qualidade controlada: sujeitas a rigorosos controles de qualidade, o que garante que os ingredientes sejam seguros.

Conservação e validade: transportadas na sua própria embalagem, não necessitam de frio até ao momento da preparação.

Desvantagens das papas infantis:

Sempre a mesma textura: a forma como são preparadas, em farinha ou em flocos muito finos, faz com que, depois de hidratadas, apresentem sempre uma textura muito homogénea que não vai ajudar o bebé a desenvolver as suas habilidades de mastigação e a aceitar mais tarde os alimentos mais inteiros.

Cor e sabor homogéneo: o sabor das papa acaba por ser igual todos os dias, o que pode não ser benéfico, já que vai trazer alguma previsibilidade para o bebé e fazer com que seja mais difícil aceitar novos sabores e texturas (que conseguimos quando fazemos papas caseiras, por exemplo).

Pouca variedade de ingredientes: ainda que haja diferentes papas com diferentes combinações de cereais e algumas até com fruta (que nem sempre têm uma lista de ingredientes interessante), não se compara à variedade de combinações de ingredientes que conseguimos ter numa papa caseira (desde da variedade de cereais, às frutas e vegetais, às sementes e oleaginosas…)

Presença de açúcares adicionados: a tendência para que estas papas tenham um sabor adocicado de forma a serem melhor aceites pelo bebé, faz com que muitas vezes sejam adicionados açúcares (como a maltodextrina, concentrados de fruta) e até farinhas hidrolisadas que aumentam  o teor de açúcares simples na tabela nutricional para valores muito acima do recomendado (5g/100g)

Como escolher as melhores papas no supermercado

Escolher as melhores papas de compra pode parecer uma tarefa complicada, mas com alguns cuidados simples, pode garantir que está a dar ao seu bebé uma opção nutritiva e segura:

Leia os rótulos: ler os rótulos cuidadosamente é o primeiro passo. Procure papas que tenham listas de ingredientes simples e naturais, feitas apenas com cereais ou cereais e frutas. Não compre papas que contenham açúcares adicionados, farinha hidrolisada e óleos vegetais, uma vez que estes ingredientes são desnecessários. Na tabela nutricional, procure a linha de açúcares e gordura saturada. Escolha apenas papas com menos de 5 gramas de açúcar (por 100 g de produto) e menos de 1,5 gramas de gordura saturada (por 100 g de produto).

Não compre papas de arroz: o glúten pode ser introduzido desde os 6 meses, e não há necessidade de oferecer cereais sem glúten no início da introdução alimentar. Além disso, os produtos com arroz contribuem para a exposição do bebé ao arsénio, devendo por isso ser evitados.

Prefira opções orgânicas: uma opção para quem quer minimizar a exposição do bebé a pesticidas e outros químicos. No entanto, lembre-se de que "orgânico" nem sempre significa "mais saudável", por isso, é imprescindível ler os rótulos para garantir que o produto é adequado.

Quais as melhores papas de compra?

Deixamos aqui algumas sugestões de papas infantis que têm uma lista pequena de ingredientes, contém 5 gramas ou menos de açúcar e menos de 1,5g de gordura saturada. Da esquerda para a direita e começando em cima:

Opção 1: Marca Papinhas da Xica, Papinha de 3 Cereais 

Papa não láctea feita apenas com cereais e enriquecida com ferro. Marca portuguesa e biológica.

Opção 2: Marca Hero, Papa de 8 Cereais (não láctea)

Papa não láctea, feita apenas com cereais e enriquecida com ferro. Encontra-se à venda em todos os supermercados. 

Opção 3: Marca Baby Wells, Papa Multicereais 

Tal como as anteriores, também é não láctea, composta apenas cereais e fortificada. À venda apenas nas lojas Wells e online.

Opção 4: Marca Pingo Doce, Multicereais Farinha Biológica 

Papa não láctea, feita apenas com cereais e enriquecida com ferro. Encontra-se à venda apenas no Pingo Doce.

Opção 5: Marca Cerelac, Seleção da Natureza 0% Açúcares Multicereais (não láctea)

Papa não láctea, feita apenas com cereais e enriquecida com ferro. Encontra-se à venda em todos os supermercados. Uma nota extra para esta papa: da marca, recomendamos apenas esta papa ou, se tiver mesmo de optar por uma papa láctea, a papa de centeio da mesma gama Seleção da Natureza. Todas as outras contém quantidades elevadas de açúcar.

Opção 6: Marca Weetabix, Ready Brek 

Agora que a marca descontinuou a Oatibix, existe agora a opção do Ready Brek, que também é aveia instantânea e fortificada com ferro. É a minha opção favorita de todas as da lista, mas em Portugal, é difícil de encontrar. Está à venda apenas nos supermercados Apolónia, na zona dos cereais. No Reino Unido, encontram-se com muita facilidade.

As papas são uma excelente escolha para a introdução alimentar, proporcionando aos bebés uma nutrição equilibrada e ajudando-os a descobrir novos sabores e texturas. As papas de compra são uma opção prática e conveniente, mas devem ser escolhidas com cuidado, verificando sempre os rótulos para garantir que apresentam uma composição adequada. Lembre-se que a introdução alimentar é um momento crucial no desenvolvimento de bons hábitos alimentares, que acompanharão o seu bebé por toda a vida. Variar ao máximo a oferta de alimentos saudáveis e texturas é o mais importante!

Bibliografia:

1. Organização Mundial da Saúde. Alimentação de lactentes e crianças pequenas. 2020. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/infant-and-young-child-feeding

2. Ministério da Saúde, Direção-Geral da Saúde. Alimentação Saudável dos 0 aos 6 anos – Linhas De Orientação Para Profissionais E Educadores. 2019. Disponível em: https://alimentacaosaudavel.dgs.pt/alimentacao-saudavel-dos-0-aos-6-anos/

3. Associação Portuguesa de Nutrição. Alimentação nos primeiros 1000 dias de vida: um presente para o futuro. E-book nº 53. Porto: Associação Portuguesa de Nutrição; 2019.