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por
Carolina
Alerta gatilho: este artigo contém relatos de perda gestacional. Se está a passar por isso ou passou e quiser conversar, a minha caixa de mensagens no Instagram está sempre disponível!
Na semana passada falei nos stories sobre a razão da nossa ausência, tanto nas redes sociais como nos artigos do blog, mas sei que muitos de vocês perderam os stories e estão a estranhar a falta de movimento por aqui. A verdade é que até à semana passada eu publicava quase 1 artigo por dia no blog, no instagram e no Facebook.
A boa notícia é que estou grávida do meu segundo filho! É um menino e estou com 16 semanas.
As notícias menos boas é que há uma semana e meia, tive um pequeno sangramento (sangue vivo em pequena quantidade sem razão aparente) e descobri que estou com um descolamento da placenta.
O bebé está ótimo felizmente e, recentemente até consegui começar a senti-lo às vezes, mas o descolamento requer repouso.
Por isso não posso cozinhar, criar receitas, fotografar e mesmo escrever no computador está limitado até pelo menos dia 30 de abril.
Esta situação não é nova para mim infelizmente. Na gravidez da Madalena comecei a perder um pouco de sangue às 5 semanas. Disseram-me para evitar pesos, exercício e relações sexuais mas vida normal.
Tive uma hemorragia gigante com perda de 3 grandes coágulos às 12 semanas a ponto da médica achar que eu estava a perder a gravidez. Repouso de 2 semanas e continuar com os cuidados. Continuei sempre a perder sangue.
Segunda hemorragia às 15 semanas e a médica da urgência disse que eu precisava de repouso absoluto até o sangramento parar, coisa que não tinha acontecido até está altura.
Fiquei de repouso absoluto até as 21 semanas, altura em que o descolamento se resolveu e eu conseguir fazer vida normal.
Foi uma gravidez tranquila e saudável a partir das 21 semanas e cheguei às 40 semanas e tive uma bebé saudável, perfeita e de parto normal. Espero que esta história dê esperança a quem está a ler desse lado e a passar pelo mesmo. Sei a ansiedade e o sofrimento que é viver nesta incerteza de que vai ficar tudo bem.
Desta vez foi diferente: tive um primeiro trimestre cheio de enjoo e náusea mas super tranquilo. Fizemos a ecografia às 12 semanas e estava tudo bem. Tive sempre cuidado com peso e atividade física por causa da experiência da gravidez da Madalena por isso fui apanhada de surpresa.
Sinto que estou mais calma desta vez. Talvez por saber que já passei por isto e correu tudo bem. Na gravidez da Madalena não sai das urgências e fazia ecografias semanais. Desta vez não.
Mas é igualmente assustador. É assustador ouvir de médicos que não há nada que eu possa fazer e que é uma questão de probabilidades.
Custa mais porque tenho uma bebé de 2 anos que precisa de mim e eu não consigo estar lá para ela. E ela não compreende realmente porque é que a mãe não pode estar com ela e sofre por isso. É assustador não saber quanto tempo isto pode durar.
Repousos como este também tem um impacto tremendo na estrutura familiar e põe pressão e stress em toda a gente: eu não posso fazer nada. Dependo de toda a gente à minha volta para fazerem a minha comida, para vestir, dar banho, alimentar, cuidar e brincar com a minha filha. O pai, que já trabalha várias horas por dia, tem agora o dobro do trabalho em casa. Os avós passam o dia todo com a Madalena. Devia ser o momento de aproveitar os netos e descansar. Mas estão a cuidar dela como se fosse filha deles.
Sei também que muitos médicos não recomendam repouso absoluto. Não há evidência associada aos benefícios, mas também é muito difícil medir e estudar estas situações e essa é uma das razões.
Mas eu já passei por isto. Já fiz os dois e sei que só se resolve com repouso absoluto. Na gravidez da Madalena só parei de perder sangue no momento em que repousei completamente. Acredito que o repouso absoluto vai me permitir ficar menos tempo limitada. Assim o espero pelo menos 🙏🏻.
Se estiver a passar por isso fale com o seu médico. Certifique-se que sabe todas as condições do repouso, o que pode e não pode fazer. Na minha experiência a maior parte dos médicos não é claro sobre isto.
Esta é na verdade a minha quarta gravidez - às vezes preciso pensar duas vezes para dar o número correto nas consultas.
Perdi a minha primeira gravidez, antes da Madalena. Ninguém nos prepara para um aborto mas na primeira gravidez é especialmente cruel. O mais cruel é como aconteceu. Tive um aborto retido - algo que nunca tinha ouvido falar até me acontecer a mim - às 6 semanas. Quando fui fazer a ecografia das 7 semanas, vimos apenas um saco gestacional vazio. O médico não o soube comunicar de forma empática e eu fiquei completamente perdida. Como assim a minha gravidez tinha parado se eu tinha todos os sintomas, sentia-me completamente grávida?
Ele recomendou uma intervenção cirúrgica mas eu pedi uma segunda opinião e decidi confiar e deixar o meu corpo fazer o seu trabalho. Foram 4 semanas agonizantes de espera, em que eu tive de fazer vida normal, carregar um saco gestacional vazio e continuar a ter todos os sintomas de gravidez. Já passaram mais de três anos mas não consigo falar sobre isto em detalhe sem chorar. Fui para o trabalho todos os dias e nunca ninguém soube o que me estava a acontecer. Tinha tanta vergonha que não conseguia contar a ninguém.
Ouvi muitas vezes que era comum. Que 20 a 30% das mulheres têm um aborto. Senti-me uma estatística. Odiei todas as mensagens que recebi a dizer que eu era nova. Que tudo ia correr bem. Qua acontece a muitas mulheres. Essa perda gerou muita ansiedade e medo durante a gravidez da Madalena, mas tive a minha bebé arco-íris e estava muito feliz.
Quando começamos a falar em ter um segundo filho percebi que estava cheia de medo de tentar outra vez. Talvez por isso tenha demorado 2 anos. Mas quando finalmente começamos a tentar, achei que estava livre. Afinal já tinha perdido uma gravidez. Achei que as probabilidades estavam do meu lado - é qualquer coisa como 4% em vez de 30%. Mas também tinha tido uma gravidez de sucesso. E acho que por isso fui apanhada de surpresa. Mas não sei se pelo facto de ter perdido muito cedo (aborto normal logo após a implantação às 5 semanas), ou por já ter uma filha, desta vez custou menos.
Mas não deixa de deixar marca e trauma. Engravidar para mim é felizmente fácil fisicamente, mas não o é psicologicamente.
Quando tive um primeiro trimestre tranquilo fiquei tão descansada que não esperava que isto acontecesse.
Mas estou bem. Com saudades de brincar com a minha filha, de passear, de cozinhar, mas bem. Passo o dia a ver programas de comida, a ler e por isso tenho a certeza que vou voltar mais inspirada do que nunca!
Muito obrigada por estarem desse lado. Fui inundada por carinho e força pelas redes sociais. Muito obrigada de coração ❤️
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