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Por Joana Caçoeiro, Terapeuta da Fala Miofuncional
Instagram: @joanacacoeiro_terapeutadafala
A preocupação em redor de uma alimentação infantil saudável não deve ser apenas a nível nutricional mas também na forma como são oferecidos esses alimentos, principalmente no que respeita à consistência e textura.
Se pensarmos na progressão das competências que levam à autonomia do bebé, a mastigação assume um papel ativo, até aqui de sucção, no que respeita à correta estimulação biomecânica de todo o sistema estomatognático1. A sua “janela de oportunidade” para a aquisição encontra-se entre os 7 e os 9 meses de idade e nunca deverá ser menosprezada nem muito menos adiada dentro do crescimento infantil.
Morder e mastigar são movimentos bastante elaborados e aprendidos que necessitam de uma coordenação motora e aceitação sensorial de um nível elevado por todas as partes da boca, devendo o seu treino iniciar-se a partir dos 6 meses de idade com a introdução da alimentação complementar e assim que estejam reunidas as condições para tal (existência dos sinais de prontidão do bebé), uma vez que diferentes alimentos exigem diferentes competências: são diversos desafios/aprendizagens para o bebé.
Já parou para pensar que a boca serve para mais do que uma função? Desde a respiração, sução, mastigação, deglutição e fala: o sistema estomatognático, onde se inclui a boca e todas as restantes estruturas a ela associada, tem um papel importantíssimo no desenvolvimento infantil. E já reparou que os músculos utilizados para comer são os mesmos para falar?
Repare: A mastigação atinge a sua maturação em média entre os 12 e os 18 meses de idade, sendo que se encontra totalmente desenvolvida por volta dos 4-5 anos. Que outra função do desenvolvimento infantil tem marcos nestas duas idades? Consegue adivinhar?
Isso mesmo, o desenvolvimento da fala!
A primeira palavra aparece de forma consistente entre os 12 e os 18 meses e em média uma criança com 5 anos apresenta uma fala inteligível com a produção correta de todos os sons (fonemas).
A alimentação diversificada tanto em paladar como consistência e textura promove um crescimento e desenvolvimento oro-facial tanto a nível motor como sensorial, contribuindo para a maturação harmoniosa das diversas funções orais onde se inclui a fala. Desta forma, as caraterísticas do alimento fazem toda a diferença no desenvolvimento anatomo-funcional do bebé em conjunto com a maturação neurológica1.
A força mandibular exercida num alimento pastoso/macio para a formação do bolo alimentar é muito mais baixa que no alimento sólido2,3. Essa força é um exercício constante dos músculos da face do bebé diminuindo assim a ocorrência de alterações estruturais e funcionais orofaciais, logo, quanto mais mole e pastosa for a dieta do bebé, maior a probabilidade de existir:
Assim, ao oferecer alimentos de consistência mais sólida irá promover o ato mastigatório no bebé, pelo que não é difícil perceber que uma alteração na estrutura e/ou fisiologia do mecanismo oro-facial possa comprometer a funcionalidade das funções neurovegetativas, como a fala, podendo posteriormente vir a resultar numa Perturbação dos Sons da Fala7.
Termino deixando algumas dicas em como pode ajudar a fortalecer a mastigação do bebé por forma a facilitar a um bom desenvolvimento da fala:
A normalidade do desenvolvimento global da criança está não apenas na existência ou não de patologias mas na satisfação com que se atinge patamares, se conquista competências e se aperfeiçoa capacidades. Por isso, toca a treinar pois “quem mastiga por gosto, não cansa”!
Ficou com dúvidas? O seu filho mostra dificuldades na progressão alimentar, em aceitar alimentos sólidos e não consegue sair da dieta pastosa? Nota alterações na mastigação e/ou na fala? Ele respira maioritariamente pela boca, tem olheiras e está constantemente cansado e irritado? Não fique à espera por “passar” pois na maioria das vezes não é “apenas uma fase” e procure um Terapeuta da Fala Miofuncional.
Fontes:
1 Vieira, V., Araújo, C., & Jamelli, S. (2016). Desenvolvimento da fala e alimentação infantil: Possíveis implicações. Revista CEFAC , 6, pp. 1359-1369.
2 Tanaka, E., Sano, R., & al., e. (2007). Effects of Food Consistency on the Degree of Mineralization in the Rat Mandible. Anna Biomed Eng. , 9, pp. 1617-1621.
3 Canttoni, D. e. (2001). Levantamento da consistência do alimento recebido no primeiro ano de vida. Sociedade Brasileira de fonoaudiologia , 6, pp. 59-64.
4 AP., N., & Gross, C. e. (2009). Fatores interferentes na alimentação de crianças de 17 a 25 meses de uma creche municipal. Revista CEFAC , 3, pp. 291-297.
5 Jorge, T., AZK., B., & al., e. (2009). Relação entre perdas dentárias e queixas de mastigação, deglutição e fala em indivíduos adultos. Revista CEFAC , 3, pp. 391-397.
6 Sugita, K., Inoue, M., & al, e. (2006). Effects of food consistency on tongue pressure during swallowing. J Oral Biosci , 4, pp. 278-285.
7 Tanigute. (2005). Desenvolvimento das funções estomatognáticas. In I. Marchesan, Fundamentos em Fonoaudiologia: Aspétos Clínicos da Motricidade Oral. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A.
Sobre a Joana Caçoeiro, Terapeuta da Fala Miofuncional
•Licenciada pela ESS-IPS com Pós-Graduação em Motricidade OroFacial pelo EPAP e diversas especializações na área da alimentação infantil e motricidade orofacial. Sou também CAM pelo CHULC.
•Atualmente trabalho no Hospital D. Estefânia e na Maternidade Dr. Alfredo da Costa do CHULC. Faço também consultas online e em gabinete próprio.
•As minhas áreas de interesse são a motricidade orofacial na alimentação em neonatologia e pediatria.
•Mais informações ou pedido de consultas: @joanacacoeiro_terapeutadafala (Instagram/Facebook)
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